ALGAZINE

COOL ZINE DO BAIRRO

18:47

O ESPELHO E A MORTE

Postado por Algazine |


Há muito tempo atrás havia um mito.
Sobre um espelho.
Com uma coisa tão sombria que até a morte a temia, e conheci uma pessoa que a conhecia.
A história era sobre palavras amaldiçoadas, palavras que só faziam o espelho mostrar o horror.
Eu, muito curioso, à meia-noite, decidi pronunciá-las.
O espelho se quebrou, para logo em seguida se recompor.
As luzes se apagaram, o fogão acendeu e tudo ficou aparentemente perdido.
Então vi meu verdadeiro rosto no espelho.
Muito tempo depois, chamei amigos para me ajudarem a encarar o horror novamente.
A energia era mais forte; o espelho se desmanchou; voltou maior do que antes; conseguimos ver espíritos no ar e a morte batia no espelho. Uma vela derreteu.
Pensamos que morreríamos; ao invés disso, as luzes se acenderam, o fogão se fechou e a torneira abriu.
Pensei que nunca viveria esse mito outra vez.
Entretanto, uma garota me levou a um cemitério um dia.
Encontramos um túmulo com um espelho.
Ela invocou um espírito e o dia virou noite em um piscar de olhos.
Minha amiga decidiu abrir o túmulo e, quando conseguimos, vimos que não havia um corpo.
No espelho, lá em cima, nós aparecemos mortos e o corpo que faltava batia no espelho, que se quebrou, derramando sangue por toda parte.
Caímos num buraco bem fundo na terra do cemitério, até encontrarmos os pedaços do espelho.
Ninguém sabia nada sobre nenhuma palavra não-amaldiçoada que nos fizesse voltar.
Justamente quando descobri que o irmão da garota havia lido algumas frases em algum papel antes de entrar no espelho e se transformar no verdadeiro rosto das pessoas, a imagem do egoísmo e da ganância e do ódio. Isso desde o começo dos tempos, desde o começo do mito, que nunca vai ter fim.






Camila Majerkowski

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